Todo o silêncio, perante à injustiça, é parte da violência.
A Laboratório Fantasma sempre foi mais do que uma empresa. Ela é um grande portal por onde sonhos podem se tornar realidade.
Foi assim ao longo dos últimos 11 anos, em que nos dedicamos, constantemente, a construir pontes para conectar pessoas com uma origem semelhante à nossa, pretas e periféricas, a novas possibilidades de existir. Foi assim na música, na moda e em tudo o que fizemos – incansavelmente – nos últimos tempos.
Não podemos nos abster nesse momento. Escolhemos fazer parte da grande movimentação que atravessa o Planeta e que ganhou o nome de The Show Must Be Paused (algo como “O Show Tem Que Parar”). Por entender que é urgente refletir e agir para acabar com esse sistema que exclui, oprime, invizibiliza e mata pessoa negras, optamos por cancelar lançamentos da LAB e replanejar os nossos projetos que aconteceriam nesta semana.
É por Ágatha Felix, Douglas Martins Rodrigues e João Pedro. Mas também por George Floyd, por Claudia Ferreira e Marielle Franco. Também pelos 5 jovens negros que tiveram o seu carro alvejado por 111 tiros. CENTO E ONZE. Todos eles foram vítimas de uma violência racista e da postura de países que ceifam – com crueldade – a vida das pessoas que nós incentivamos a continuar sonhando por meio das nossas canções.
Não podemos deixar de apontar também que, ao longo dos últimos 11 anos, foram raríssimas as vezes em que visitamos escritórios de nossos colegas do mercado, como grandes gravadoras, editoras, produtoras, rádios, entre tantas outras, e encontramos pessoas pretas trabalhando em posições que fugiam do serviço da limpeza e dos serviços gerais.
Vidas negras importam! Mas não podemos reproduzir isso pautados pela tragédia somente. Se não as valorizarmos, de fato, e não construirmos uma trilha onde a ascensão, sobretudo a econômica, seja possível para a trajetória de pessoas não-brancas, a morte de (e os protestos por) tantas pessoas terá sido em vão.
Não podemos parar nas hashtags. Que possamos usar a energia explosiva desse momento para nos questionarmos enquanto sociedade e, de fato, darmos um cavalo de pau na história, conseguindo construir uma realidade onde a opressão racial se transforme, de vez, em passado.