Gravadora? Produtora? Loja? Tudo isso e, principalmente: um foco de resistência. Uma forma de viabilizar sonhos.
O Laboratório Fantasma lançou, na última semana, a coleção #Ubuntu Verão 2016, já disponível em sua loja virtual.
Como de costume, a nova leva de camisetas, regatas e bonés traz mais do que peças de vestuário: é uma forma do fã literalmente vestir a camisa de seu artista, com um conteúdo que vai além da música.
Mas como é construída e administrada esta marca? Qual a distância entre comercializar seus produtos e conteúdo e “se vender”? Selecionamos aqui algumas definições sobre os objetivos e o funcionamento geral do Lab. Elas foram retiradas de trechos de falas de Emicida e Evandro Fióti, respectivamente presidente e vice-presidente da empresa.
“Se quiser falar de favela, tem que ter um favelado aqui”
Por Emicida*
Laboratório Fantasma pra nóiz é o quê? Um foco de resistência! A música que tava tocando não tava representando nóiz? A gente foi criar uma música que representasse. O jeito que as pessoas lidavam com a música não representava nóiz? Nóiz foi criar um jeito de lidar com a música que representasse, sacou? A televisão falava coisas que não nos representavam. A gente teve que invadir a televisão também e falar “mano, não é isso. Quando ceis quiser falar de favela, tem que ter um favelado aqui. Quando ceis quiser falar de preto, tem que ter um preto aqui.
(*Definição em conversa com alunos da E.E. Manuel Ciridião Buarque, em dezembro de 2015)
“Você tem que ter o norte do que você quer, jamais abandonar seus princípios, mas precisa saber vender”
Por Evandro Fióti*
Planejamento
Quando vamos lançar um disco? Quem vai lançar um disco? Vai ser o Rael? Então, quando ele lançar, a gente vai ter que ter tantos produtos dele. Esperamos pelas músicas, mas já deixamos meio desenhado.
Acontece da gente investir em um produto que acha que vai vender, e não vende nada. E outros dos quais você não espera nada, e quando vai ver, já acabou. É um mercado em que você pode fazer todas as previsões possíveis e ainda ter erro. Por isso eu acho que você tem que se cercar ao máximo de informações, de dados sobre consumo e sobre seus fãs para evitar um possível desastre. Ir com cautela.
Princípios
Desde que a gente começou a vender CDs, temos como filosofia sempre tentar garantir que em todos os nossos produtos, em tudo o que a gente faz, tenha nossa verdade e autenticidade por trás daquilo. Então quando a gente vai desenvolver um produto, sempre se coloca no lugar do fã. Eu sempre penso no que aquele moleque que vai no show quer usar, como ele quer aquela camisa, com qual frase, qual o tipo de tecido, qual o acessório que ele usa quando vai para o show. Eu sempre flerto com esse universo da música ao vivo. Em todos os lugares onde vou, vejo o que as pessoas estão usando, como estão usando e na hora de criar os produtos isso me impacta diretamente.
Além disso, a gente tem uma comunicação muito direta com nossos fãs via redes sociais, e isso possibilita que a gente erre menos na aposta em novos produtos. Mas também não dá só para seguir a opinião dos fãs como verdade absoluta, porque senão você não arrisca.
Marcas
O Laboratório Fantasma é bem vinculado ao Emicida, “A rua é nóiz” não é mais. Uma vez encontrei um pessoal em Belém que pirateou nossos bonés. Eles sabiam quem era Emicida, mas a comunidade que estava comprando não sabia. Hoje nosso objetivo é mostrar para essas pessoas a história que tem por trás da marca.
Estrutura
No começo era só eu e o Emicida, e gradativamente a gente foi contratando novas pessoas. Alguns serviços nossos são terceirizados, mas a maior parte a gente faz internamente. A gente tem uma equipe de merchandising com gerente, vendedor, uma pessoa que cuida da logística e o atendimento ao cliente que está a semana inteira para lidar com os pedidos e com os fãs.
Plano de marketing
No escritório eu sempre digo assim: não interessa qual é o artista. Se a música é boa, quem vai dizer até onde ele vai é o plano de marketing. Qualquer marca para a qual você fizer um plano de marketing vai andar. E depois que andou, você tem que saber dizer sim ou não. Qualquer coisa que eu colocar hoje com o nome do Emicida vai vender. Eu posso colocar numa cerveja ou num cigarro. Meus fãs vão me xingar, mas vai vender.
O impacto da televisão
Quando você faz TV, atinge o moleque de uma cidade que você nunca imaginou que existia. Uma vez gravamos o Esquenta, e aí começou aquela discussão de Facebook, se é vendido, não é vendido… Parece que os caras não passam de fase! E um moleque falou lá: “Vocês não sabem o que estão falando. Eu estou aqui no interior do Rio Grande do Sul e pra mim só chega a Globo. Vocês estão aí nas grandes cidades dizendo que o cara está se vendendo, mas eu fico aqui esperando o mês inteiro para aparecer um cara que eu gosto e só vou ter essa oportunidade de ver ele”.
Vender produtos x se vender
O rap no Brasil nunca flertou muito com a indústria. O cara que começou a fazer isso foi o Sabotage, e ele logo morreu. Depois dele, acho que a experiência mais bem sucedida é a nossa. A gente vem de uma geração que aprendeu muito com a anterior, mas que precisa sobreviver.
Você tem um sonho. Você tem que saber como vai conseguir caminhar com seu sonho e tornar isso o seu negócio para que não tenha que se vender todo dia por uma coisa que você não gosta. Eu não tenho problema nenhum em chegar num festival e comprar a camisa de um artista do qual eu gosto. Não acho que ele está se vendendo, muito pelo contrário: ele está me valorizando, pensando em mim.
Produtos x grupos de rap
Você tem que ter o norte do que você quer, jamais abandonar seus princípios, mas precisa saber vender. Não acho que a gente está no melhor sistema econômico que já existiu, mas precisamos sobreviver ao hoje. Se você não fizer isso, vai se escravizar para alguém. Não cabem mais lamentações no mundo de hoje. Se não souber fazer negócio, alguém vai fazer por você.
(*Fióti falou durante a participação na mesa “Artista vende tudo: a importância da merchandise hoje na receita da música”, durante a Semana Internacional de Música de São Paulo – SIM São Paulo)
Para conhecer a nova coleção do Laboratório Fantasma, clique na imagem!
Em 2012 criei meu Selo/Marca/Produtora aqui no interior do Maranhão irmãos, cara, e vcs não sabem o quando vcs me ajudam a sonhar quando vejo vcs crescendo cada vez mais!
Eu piro nas paradas de vcs! e cada passo que vcs dão eu tô aqui atrás da telinha do meu PC sempre pulando de alegria por vcs irmãos.
Sou um Rapper Cristão saca? (www.ProfetaMc.com) minha música tem apologia ao Amor e o que eu quero e tento passar para as pessoas é justamente isso que vcs falaram aqui irmãos: “temos que ser nóiz e lutar por nóiz”, seja na TV, seja no PC, ou onde quer que for! Temos que ser Nóiz por Nóiz.
Eu vejo isso em vcs. Ta certo! Tem que se manter e ganhar grana honesta mermo irmão! Vender suas parada pra quem quer comprar e tal! É isso mermo.
Quando comecei com meu Selo eu nem sabia o que era SELO, só sabia que eu queria um nome que representasse de onde venho e o que sou, e o #MAM (Mais Além Music) foi o que consegui criar e acreditar nessa parada até hoje saca? Todo dia eu penso em desistir, hoje mesmo foi um deles, mas quando vejo que pô! vcs conseguiram! me dá cada vez mais forças pra lutar pelo meu sonho tbm irmãos! E essa matéria veio no tempo certo pra mim. Às vezes me sinto fraco por morar no interior do Maranhão e sonhar com algo desse tipo que cabe mais pro Sul saca? Mas é isso que vcs falaram aqui mesmo: “Temos que perceber o que o nosso público está pedindo e vestindo”.
Eu fiz um som e até cito o imão #Emicida no final, o nome do som é justamente o nome do meu sonho, minha MARCA “Mais Além” saca: https://soundcloud.com/profetamc1515/mais-al-m-part-raffa (A qualidade não tá das melhores, mas foi o que consegui fazer).
Emicida e o Laboratório são uma escola pra mim!
Vcs são guerreiros! Parabéns!
Que Deus continue dando força e perseverança a cada um de vcs do LAB. Oro e torço por vcs.
Jah Bless.
By: Denis Marinho (ProfetaMc)