Desde os tempos do Pentagono, o Rael admirava o Black Alien e o considerava um ídolo. Com o passar dos anos, os encontros nos backstages pelo Brasil aproximaram os dois e enfim chegou a hora de se juntarem em uma música, “Papo Reto” (ouça aqui), uma das faixas de “Coisas do Meu Imaginário”.
Além de dividir os microfones com o Rael na música, o Black aceitou o convite dele para escrever um texto de apresentação do álbum. Quer saber o que ele achou das canções do disco? Dá uma olhada abaixo!
“Coisas do Meu Imaginário” por Gustavo Black Alien
Em seu projeto solo, “ Coisas do Meu Imaginário ”, Rael mais uma vez se supera. A evolução é clara, e em seus diferenciais mais marcantes: voz límpida e agradável de ouvir, dicção perfeita, flow veloz e genuíno e versos surpreendentes, cheios de punchlines e carregados de informação. Suas rimas contêm links inesperados que causam sensação de satisfação imediata.
Seu olhar sobre as coisas é literalmente sobre: ele sobrevoa como um zeloso e atento vigilante tudo o que envolve existir no mundo de hoje. Analista perspicaz da mudança constante e frenética de valores e comportamento nessa nossa era pós virada de milênio.
“… Que mundo a milhão, veloz / o que acontece, o que fizeste com nós? / vejo os moleques bem pra frente, já de carro e corrente, antes era só uma Caloi Cross…” verso de “Do Jeito”, música que abre o disco com louvor.
Ao longo do álbum há uma constante: as harmonias do produtor Daniel Ganjaman, maestro de mão cheia, acalentam o ouvinte automaticamente ao abraçar, se fundir graciosamente à chuveirada de belas melodias vocais do “homem-plural”, potencializando-as ainda mais.
Seus assuntos são tão diversos quanto seu leque de flows: do amor ao amor à estrada, que carinhosamente reconhece como professora em “ Estrada”, passando por outra ode ao rap em “Minha Lei “, que conta com os talentosos MCs Ogi, Apolo e Massao, ao perigo do abuso de drogas em “Papo Reto” co autoria com seu irmão Daniel Yorubá e esse que vos escreve, preconceito e juízes de internet em “Falacioso”, à importância de se ter fé em “Quem Tem Fé “, que com a participação do monolito Chico César fecha o disco com chave de ouro.
“Melodias, frases, poesias”. Informação, pop culture, flows livres de padrões e um papo tão natural que a identificação com as situações narradas é rápida e prazerosa, aliada à instrumentação precisa executada com coração e muito feeling. “Coisas do Meu Imaginário” veio para consolidar Rael não só como um grande rapper, mas também como um grande cantor, compositor e homem de ideias. E prepare-se: esse petardo não sai do meu repeat há dias! Viciante, calmante, revigorante, instigador, Rael veio para ficar, e o melhor: as coisas do seu imaginário agora fazem parte do nosso também!