Como você já sabe, neste resolvemos homenagear os pais _o dia deles já é no próximo domingão_ indo atrás de histórias reais, sinceras e muito especiais, na campanha “Meu Pai Fecha Comigo”.
A primeira foi a da Juliana e do seu Juraci (que você vê aqui) e hoje apresentamos, com uma trajetória bonita de união e superação, o Laerte e dona Vera, a segunda dupla de personagens da campanha. Um pai que é mãe? Isso mesmo, são as mães que cuidam sozinhas da família, acumulando também o papel de pai, as nossas homenageadas hoje!
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“Meu pai fechou comigo ontem, fecha hoje e vai continuar fechando pra sempre”
“Meu nome é Laerte e o meu pai fecha comigo. Meu pai, ele é um cara muito forte. Eu acho que é a palavra que mais define ele. Ele é um cara que sempre esteve comigo pra tudo. É meio clichê, mas é muito real isso, é um cara de quem eu me orgulho muito de ser filho, é um cara que saiu do interior da Bahia, então é um cara que carregou muita lata d’água na cabeça pra ir até o rio pra lavar roupa, é um cara que estudou até a quinta série só, mas é um cara que sempre fez muita questão de que eu estudasse, um cara que sempre me apoiou muito em todas as minhas escolhas, desde a escola primária até a universidade, com muito orgulho. O meu pai é faxineiro, ele tem 60 anos e desde que eu era pequeno eu lembro que ele sempre ficou em casa com a gente. Depois de uma separação, pra não deixar os filhos passarem necessidade, ele arregaçou as mangas e foi trabalhar com faxina em empresa. Meu pai sempre esteve comigo em todos os momentos da minha vida, dos mais fáceis aos mais difíceis e sempre me apoiou em todas as minhas escolhas. Ele supriu o abandono do meu outro pai. Meu pai é minha mãe.”
O relato acima, do Laerte, 29 anos, poderia, como ele mesmo diz, ser o de muitos outros jovens brasileiros, cujas mães assumiram também a função de pai em casa em algum momento da vida. Estudante de psicologia e nascido em Carapicuíba, ele viu a mãe se tornar também seu pai quando os dois se separaram. Dona Vera, que enquanto era casada cuidava dele e do irmão em casa, teve que arrumar um emprego. “No começo o meu pai muito ajudava a gente com tudo, depois foi parando, e a minha mãe não teve medo de arriscar, não teve vergonha, foi muito corajosa e foi à luta, arregaçou as mangas e foi trabalhar, e eu morro de orgulho disso. Ela nunca negligenciou os filhos, ela abriu mão de si pra cuidar dos filhos”, conta ele.
A mãe, coruja assumida, devolve os elogios. “Ele é uma pessoa boa, determinada, corre atrás do que quer, busca outros objetivos na vida. Se ele quer um trabalho, ele corre atrás, ele correu atrás da faculdade, tá já no penúltimo ano”, diz.
Passados mais de 15 anos desde este primeiro momento de mudanças, a mãe virou referência e modelo a ser seguido. “Fico pensando no que isso reflete hoje pra mim, dos papéis de gênero até, do quanto implicitamente minha mãe me ensinou o que era ser pai, o que era ser mãe, o que eu não queria, o que eu não quero repetir nunca na minha vida e se eu for pai um dia eu quero muito ser um pai igualzinho à minha mãe”, reflete o estudante.
Apesar de ser a pessoa que passou a trocar os chuveiros, ele lembra, dona Vera não preencheu nenhuma lacuna, apenas “oficializou” sua posição em casa. “A partir disso minha mãe ocupou esse papel com maestria porque ela já ocupava esse papel, não necessariamente ela preencheu uma lacuna porque era algo recorrente, eu já era muito acostumado com minha mãe sendo o meu pai”, diz ele. A mãe se vê confortável na posição. “Eu me considero pai porque desde os 15 anos de idade dele eu sou pai e mãe. Então eu sou mãe, mas também sou pai. E é gratificante, ainda mais quando os filhos reconhecem.”
Larte só lamenta vê-la até hoje fazendo trabalho pesado. “Ela tá lá, firme e forte, todos os dias, e isso é uma das coisas que me enchem muito de orgulho.” Ele resume a trajetória de Vera comparando-a a Maria de Milton Nascimento. “Digo que é alguém que eu pouco vi viver e muito aguentar.” Uma história comum, mas ao mesmo tempo bonita e tocante, reconhece o filho. “O meu marido por exemplo tem uma história muito parecida comigo, de abandono paterno, outras muitas pessoas, muitos amigos meus, infelizmente mesmo, não é uma história exclusiva.”
O importante, no fim das contas, é ter a certeza de poder dizer com orgulho “meu pai fecha comigo. “Meu pai, que é a minha mãe, fecha comigo porque ela uma das primeiras coisas que eu penso quando eu acordo e uma das primeiras e últimas coisas que eu penso quando vou dormir. Me ensinou valores, respeito, ensinou que a gente não precisa ter grana pra ser feliz, pra ter tudo que a gente quer na vida, me ensinou limites, regras, me ensinou como ser uma boa pessoa e como ser um agente multiplicador disso pra outras pessoas porque ela é assim. Meu pai fechou comigo hoje, fecha comigo hoje e vai continuar fechando comigo pra sempre.” E a dona Vera, fecha com o Laerte por quê? “Fecho com ele porque é uma pessoa determinada, pela opção sexual dele, é muito difícil, todo mundo discrimina muito. Eu o apoio. Faço tudo pra defender.”