Era pra ser só uma música, remix de “O Hip Hop É Foda”, mas, uma vez que caneta e caderno estão a postos à espera da inspiração, Rael é assim: nasceu um EP, em clima de experimentação. No melhor sentido da palavra.

Livre do “peso” de estar gravando um álbum, Rael foi se dando ao direito de testar, na medida em que as canções iam nascendo, tocando, chamando amigos para tocar, misturando outros gêneros ao seu rap, buscando outros temas. 

“O Hip Hop É Foda parte 2” era uma ideia antiga. A original, inspirada em “A Bossa Nova É Foda”, de Caetano Veloso, nasceu e foi lançada de forma despretensiosa. Mas surpreendeu, virou hit daqueles que não podem faltar no show.

Como o hip hop é foda mesmo e merece ser tratado da melhor forma possível, ela pedia nova roupagem. Rael chamou Marcos “Xuxa” Levy, que orquestrou o trabalho convocando um time de peso de músicos. Para completar, Emicida, Marechal, Kl Jay e Fernandinho Beat Box.

A primeira música ficou pronta, mas as rimas continuavam vindo. Assim, se no álbum anterior entregou toda a produção nas mãos da dupla norte-americana Beatnick & K-Salaam, desta vez voltou aos tempos de início de carreira solo, assinando as produções de duas faixas: “Ser Feliz” e “Pré-conceito”.

Na primeira, Rael traz à tona aquela que é uma das principais marcas de seu trabalho: uma letra com mensagem de superação e a história do cotidiano que poderia ser o de qualquer trabalhador.

Na segunda, duas realidades que qualquer jovem negro de periferia conhece: a de uma batida policial e a do preconceito. Com base de Dario Beats, “Hoje É Dia de Ver” é outra em que o tema é a força para dar uma virada na vida sem deixar para amanhã. 

A última inédita a entrar para o EP foi “Envolvidão”. Produzida por Nave, é a cota “love song” – como costuma dizer Rael – do trabalho, já que ele pode não ser mais da Rima, mas não pode colocar um trabalho na rua sem pelo menos uma de amor.

Nesse clima sem amarras, o rapper aproveitou para concretizar algo que há muito tempo é desejo dos fãs: músicas em formato acústico. “Ser Feliz” e “Envolvidão” ganharam versões no formato. Enfim, contar toda a história do EP explica o nome com o qual Rael o batizou: “Diversoficando”.