O Dia dos Namorados já é neste domingo e a gente quer celebrar a data e o amor, mas de um jeito diferente: vamos falar de amor entre pessoas a quem ninguém nunca dá voz. Ontem, estreamos a série com a história da Maria Rita e do Bernardo (clique aqui pra ler).
Hoje é a vez do Rafael e do Ygor. E até domingo você ainda vai conhecer as histórias da Anna e da Maya, da Carol e da Camila e do Eric e da Gabriela.
Por: Carol Patrocínio
Rafael e Ygor
O primeiro contato entre Rafael e Ygor foi na fila de uma balada. Rafael tinha machucado e nariz e estava usando um curativo quando Ygor se aproximou, fez carinho em seu nariz e perguntou sobre o machucado. Os dois nunca mais se largaram.
Em poucos meses os dois já estavam morando juntos e dividiam não só a vida dali pra frente, mas os obstáculos da infância e adolescência: descobrir-se gay em famílias evangélicas e vivendo na periferia.
“Eu não me aceitava”, diz Ygor. Ele conta que a religião o aprisionava tanto que uma ideia frequente, inclusive compartilhada por Rafael mesmo antes dos dois se conhecerem, era “vou curtir esse momento o máximo que eu puder e ai quando eu tiver uns 40 anos eu peço perdão e vou pro céu”.
Para Rafael, a sexualidade influencia em tudo na vida das pessoas. Desde a escolha da profissão até a maneira de se relacionar com o mundo. “A minha vida não gira em torno da minha sexualidade, mas ela tem uma representação muito grande. Se eu não fosse gay minha vida seria totalmente diferente”.
Uma das coisas que seriam diferentes na vida dos dois é a possibilidade de demonstrar sentimentos sem ter medo. Ygor tinha medo de andar de mãos dadas pelas ruas, por exemplo, mas Rafael o ajudou a entender que não há nada errado naquilo. A somatória de preconceitos sofridos o tornou mais forte. “Você é evangélico, é gay, é filho de nordestino… Eu sei como o preconceito dói. Mas é graças a ser gay que eu sou quem sou hoje: um cara bom caráter que luta pelo ser humano”.
O objetivo dos dois é não tratar intolerância com mais intolerância. Eles acreditam no amor e na educação. A liberdade vem daí. “Amor é liberdade. Ele é bom pra mim porque eu amo o Rafa e é bom sentir amor por ele”, diz Ygor. “Quando eu penso em amor, a primeira coisa que me vem à mente são pessoas. Amor é o que eu sinto pelo ser humano. É esse sentimento que me move”, completa Rafael.