O casal Anna e Maya (foto: Moysah Conceição)

Véspera do Dia dos Namorados e seguimos com a nossa série para celebrar a data. Se você está aqui hoje pela primeira vez, a gente explica: queremos comemorar o amor, mas de um jeito diferente; vamos falar de histórias afetivas que normalmente não têm voz.

Na quinta (09), estreamos com a da Maria Rita e o do Bernardo. Ontem foi a vez do Rafael e do Ygor. E agora, abaixo, você conhece a história da Anna e da Maya.

Ainda hoje, mais tarde, tem o Eric e a Gabriela. Amanhã (12), encerrando a série, tem a Carol e a Camila. Fiquem na sintonia!


Por: Carol Patrocinio

Anna e Maya

Foi com um trabalho acadêmico que Anna entendeu o que acontecia por dentro. Ao estudar o universo LGBT ela entendeu que se encaixava ali muito melhor do que em qualquer outro lugar. Já Maya é a filha caçula de uma família em que uma das irmãs casou cedo e teve fihos e a outra se tornou freira. Olhar para a própria sexualidade não era uma tarefa fácil: “Eu não tinha noção se eu tinha capacidade ou força de enfrentar aquilo”.

Anna primeiro precisou entender que o que ela sentia não era passageiro: “Não é só uma questão de atração física, é sentir amor por outra pessoa. Se fosse só um tipo de fetiche, mas não era, era amor”. Maya teve que olhar para dentro com coragem: “Quando eu entendi quem sou eu, respeitei e aceitei isso, todas as batalhas se tornaram ainda mais fortes porque eu podia desistir de tudo, menos da minha felicidade”. 

Os caminhos das duas se cruzaram em um festival de música e com ajuda de um aplicativo de relacionamentos. Elas não se encontraram lá, mas passaram a semana seguinte trocando mensagens. Pouco tempo depois do primeiro encontro, as duas já estavam namorando.

A palavra que define o relacionamento de Maya e Anna é parceria. “A gente tem sido muito companheira mesmo. Eu tenho certeza de que posso contar com ela pro que precisar. A gente tá criando essa parceria pra vida mesmo. Vamos juntas viver o que for”, diz Maya. “Se eu não tivesse ela comigo hoje eu não estaria com tanta garra. Ela tá do meu lado o tempo todo dizendo que vai dar certo e eu nunca tive esse tipo de apoio, ela é a primeira pessoa que diz ‘eu confio muito em você’”, complementa Anna. 

Anna conta que no meio em que elas vivem não sentem preconceito de nenhum tipo, mas que sabe que essa é uma bolha. “Mas uma hora eu vou sentir. Parece que as pessoas estão cada vez mais intolerantes e raivosas. Eu tenho muito medo de alguém fazer alguma coisa com a gente. Maya vê sua sexualidade como enfrentamento – “porque a gente tem que enfrentar olhares, comentários e questionamentos diretos ou indiretos” – e resistência – “eu não vou soltar da mão dela porque alguém questiona a minha vida”.

A força elas encontram no amor, uma na outra. “Amor é olhar para ela e enxergar o futuro”, diz Anna. “Existe um desejo em mim em estar com ela por muito tempo. E se existe esse desejo é porque existe amor”. Para Maya, o amor é impossível de ser medido ou exemplificado, mas que ele é a construção diária. “A paixão é aquela coisa que aconteceu no primeiro encontro, essa coisa que acende. E o amor é construído no dia a dia, quando você vai conhecendo essa pessoa e quer construir algo com ela”.